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Heranças Invisíveis

A exposição Traumas Geracionais explora os traumas emocionais e as experiências compartilhadas entre gerações, moldando identidades individuais e coletivas.

Com obras em telas, esculturas e instalações, a mostra aborda temas como violência, discriminação e memórias de conflitos históricos, evidenciando os traumas que afetam a sociedade no presente e, possivelmente, no futuro.

As obras nos fornecem um pequeno recorte — desde a mescla da temática — da complexidade dos traumas associados à memória social, promovendo reflexões sobre cura, entendimento e ressignificação.

A exposição convida o público a refletir sobre suas próprias histórias e a importância de enfrentar esse legado como parte do processo de autoconhecimento.


Organização:       Edmar osti, Jessica Coqueiro, Luana Hymans e Victor Trovo.
Curadoria:           Vitoria Machado.

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Abner Sigemi

A obra que leva nome de "Reflexão Infinita" é uma pintura em óleo sobre um painel de algodão cru tratado com resina acrílica e gesso crê, no tamanho de 60x40cm. Na pintura é retratado o reflexo de um homem em três dimensões diferentes sob perspectiva, esse fenômeno é desencadeado quando é colocado dois espelhos um de frente para o outro criando-se uma reflexão infinita, por conta da luz que é rebatida entre as superfícies dos espelhos, gerando uma ilusão de uma série interminável de imagens. Na filosofia hindu uma das formas de representação da infinitude é através do Espelho de Vishnu, onde o mundo é um reflexo infinito da consciência divina. Essa ideia reflete um ciclo interminável de criação e destruição. É feito uma analogia entre reflexão infinita e trauma geracional, onde cada reflexo dos espelhos vai ser uma geração familiar que se cria com pequenas distorções e diferenças, mas inevitáveis semelhanças e traumas que o indivíduo leva de seus núcleos familiares. Na medida que a luz se rebate nos espelhos gerando as imagens ela vai sendo absorvida ou dispersada, fazendo com que as imagens fiquem cada vez mais escuras, o mesmo pode se dizer sobre as gerações que em poucas linhagens se tornam estranhos e pouco se sabe sobre bisavós e tataravós, caindo na zona obscura da memória. Carrega- se um reflexo de indivíduos desconhecidos, um eco

Título:           Reflexão Infinita - 2025
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:

 

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Aline Wata

A proposta da obra “Bloom” é mostrar a evolução de um ser que está se abrindo para as experiências fisico emocionais com o universo, e se relaciona com o seu íntimo de maneira muito profunda e amendrontadora. O tríptico é uma analogia a uma ancestralidade rígida e repressora, onde a impossibilidade de expressar corpo e emoções eram muito presentes. O casulo da primeira peça, representa a proteção e a segurança, como também o incômodo de estar preso. A segunda peça mostra o processo de enfrentamento dos medos causados pelos traumas ancestrais, o começo de uma abertura para as experiências externas. A terceira peça é o estar aberto ao experieciar sem julgamentos, superando os medos. O fluído escorrendo representa o êxtase de se sentir vivo. A cor azul foi utilizada por estar fortemente ligada a cultura japonesa, onde o azul está presente em diversas áreas, na arte, nas vestimentas e rituais. Além de simbolizar o mundo místico e sobrenatural.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Ana

A obra faz alusão ao não-dito, elemento do discurso que não é a palavra, mas que se faz presente em sua ausência. O termo foi apropriado pela psicanálise para referir-se aos aspectos psicológicos do sujeito não diretamente expressados e que podem culminar na manifestação sintomática como a repressão, inibição, psicossomatização e outras formas de sofrimento. A colcha representadas na obra teve como referência uma colcha real que está na família da artista há cerca de 60 anos. A colcha de retalhos é um elemento popularmente associado à afetividade e memória devido à tradição de passá-la de geração para geração. Porém, assim como objetos e lembranças positivas, traumas e conflitos também são herdados. O não-dito é presente em muitos núcleos familiares, os quais realizam um pacto silencioso de não conversar sobre ressentimentos, preconceitos e desavenças na tentativa de manter uma ilusória harmonia. Dessa forma, a colcha de retalhos retratada na obra e que está cobrindo algum objeto o qual não é revelado ao espectador representa tal tentativa de ocultar o indesejado, que acaba por dar continuidade e potencializar os traumas geracionais. O porta-retrato, objeto conhecido por eternizar momentos e lembranças, tem o seu significado subvertido para uma memória perdida, abandonada ou ignorada pelo tempo ao estar vazio. Há algo sob a colcha, e escondê-lo não irá fazer com que deixe de existir.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Bruna Prado

Inicialmente a ideia era trazer como tema o impacto relacionado a influência do sincretismo como apagamento histórico de religiões consideradas ancestrais, tendo como figura a minha avó materna. No entanto, durante o processo eu observei que o impacto propriamente dito foi o recebimento da notícia a respeito da enfermidade dela e a possibilidade de perdê-la. E como se deu as passagens de sua vida. Como ela lidou com a prática da sua vivência ancestral em uma época em que religiões de matriz africana e/ou afro-ameríndias eram perseguidas. O fato dela não ter sido alfabetizada e a força de suas mãos, sustentando e curando uma família numerosa, com uma fé inabalável.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Camila Tigre

Minha obra parte da reflexão sobre a maternidade compulsória, algo que marcou a vida de inúmeras mulheres, que por gerações, tiveram filhos sem o direito de questionar se era o que realmente desejavam. Hoje, ao exercer minha escolha de não ter filhos, percebo que essa conquista vem com uma carga de culpa e dúvidas. Isso me levou a um questionamento profundo: "qual o papel do meu útero se não o de gerar uma vida?" A partir desta indagação, eu quis propor uma nova perspectiva sobre este órgão tão potente. Sem mudar sua natureza criadora, exploro a ideia de que ele pode gerar muito mais do que vidas biológicas. Ele é uma fonte poderosa de criatividade, capaz de nutrir expressões artísticas e impulsionar ações. Minha pintura é um convite a refletir sobre a liberdade feminina, o poder de escolha e a capacidade de transformar e ressignificar histórias.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Carolina Hess

O corpo, antes de ser, foi o corpo da mãe, e o dela, antes de ser dela, foi da avó. Inspirada nas bonecas matrioskas, esta pintura a óleo sobre papel craft reflete rumina acerca do legado que carregamos das gerações passadas. Ainda me vejo nos olhos delas e no jeito delas de sorrir. Em todas. Do sangue que corre em mim às vértebras que me sustentam, o que permanece são as histórias delas. Tento carregá-las de outras formas, entendendo que não me cabe eliminar sofrimentos que me antecedem. A partir de uma referência fotográfica feita no estúdio, as bonecas de madeira, tradicionalmente objetos de decoração, permanecem imóveis e refletem falta de agência sentida pelos filhos, que observam as contradições ao seu redor mas, como crianças, não possuem capacidade de alterá-las. Num movimento de emancipação, vivo agora para honrar essas histórias, como quem realiza um ritual diário, deixando flores para os mortos. É uma maneira de viver para libertar a mim mesma e ao que me cerca, dando continuidade a uma narrativa que começou muito antes de mim e que se prolongará muito além de mim. E desconfio que a única alquimia possível seja a da ressignificação.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Edmar Osti

A obra se trata da figura de um senhor idoso representado pelo meu pai em cena cotidiana; na pintura ele toma uma sopa em seus pequenos momentos de "lucidez". A série retrata a intimidade de cenas corriqueiras de um familiar atingido pela demência

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Edna Osti

As obras são pinturas em telas e madeira, realizadas com técnicas de carvão, tinta a óleo e a integração de elementos de costura e marcenaria, que remetem à essência e à infância da artista. Incorporando plantas e insetos típicos de quintais, ricos em simbologia, as obras retratam as marcas permanentes adquiridas na infância. Essas cicatrizes, somadas às novas experiências, tornam- se companheiras ao longo da vida, compondo uma narrativa visual profunda e carregada de significados.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Felipe Choi

A obra consiste em um desenho a pastel branco de um pai e um filho se abraçando, com um fundo feito de nanquim preto sobre tela. Ao lado, há bolsas de sangue conectadas ao quadro por scalps de coleta, através dos quais o sangue passa porém interrompido por nós. Abraço… Uma tentativa de afeto ou um reflexo de melancolia? O desenho ao centro representa a relação paternal em minha família, a tentativa falha de afeto entre meu tataravô e meu avô, meu avô e meu pai, e, por fim, chegando até mim. Um borrão de nanquim preto para o estudo da frieza e a falta de conforto do abraço, onde os corpos estão próximos, mas os corações permanecem distantes, retratados pela bolsa de sangue — o tecido vivo que é essencial para o funcionamento do órgão, para que ele abrace e aprenda. Afinal, o que nunca foi ensinado não pode ser transmitido.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Gabriel Andriola

A ideia surge a partir da vivência com minha sobrinha, que aos 3 anos começa a ter mais interação com tecnologia, abandonando seus brinquedos para que fique mais tempo assistindo algo no celular, então os brinquedos ficam em função de apenas objetos que não a entretem. Na obra temos uma criança de 3 anos, veste um vestido azul claro, segura em suas mãos uma pelúcia de coelho vestindo um vestido laranja, a criança se encontra próxima à parede em uma escada. Seu olhar para o objeto é o que conta a história do quadro, em como essa criança diante o brinquedo segura quase como em luto, pelo acabar com a brincadeira, e não muito distante o segura assim como se segura um tablet, o mesmo olhar é criando perante o tablet, assim a tornando espectadora. Quando assim a criança na obra olha para o brinquedo, quero trazer as pequenas expressões de apatia, como se a criança ali estivesse o brinquedo apenas como um objeto. A obra no fim aponta mais para os novos pais tem usado muito da tecnologia para como suporte acalentado pois as demandas emocionais dessa criança se volta para o aparelho tecnologia que vai a entreter, assim como ela espera que a pelúcia a entretenha.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Hannah Nader

Em minha família, a ausência sempre foi uma constante. O trabalho e as demandas cotidianas criavam distanciamento físico e emocional, mas havia um momento em que essas ausências eram suspensas: ao redor da mesa, durante as refeições. Esses encontros eram sagrados, um espaço onde a presença era plena, mesmo que breve. Minha avó, figura central desta obra, instituiu essa tradição de reunir a família à mesa. Apesar das ausências, nesses momentos havia algo que nunca faltava: comida, amor e um senso de comunidade. Ela transmitiu isso à minha mãe, e hoje, esses instantes de comunhão também fazem parte da minha história. O prato Duralex, usado como suporte para a pintura, simboliza essa sacralidade. Doado pela minha avó, ele representa a rotina diária da minha família – resiliente e duradoura, como os laços que se fortaleciam nesses encontros. As marcas de uso do prato são também uma metáfora para as marcas deixadas em nós. Usá-lo na obra é uma forma de reconhecer esses objetos simples, mas fundamentais, que testemunharam conversas, risos e silêncios carregados. Minha avó é representada com realismo sacro. A escolha do realismo reflete a crueza e a verdade das relações familiares, sem idealizações. A iconografia sacra, por sua vez, reconhece sua fé e a sacralidade dos momentos compartilhados. A luz na composição destaca a importância desses momentos, enquanto as sombras evocam as ausências – parte essencial da narrativa familiar. A obra homenageia as histórias contadas à mesa, o paradoxo de presença na ausência e a tradição das refeições em conjunto, passadas de mãe para filha, como a louça de família.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Jéssica Coqueiro

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

Paralisia do Sono é um objeto-corpo que trás reflexão sobre as marcas deixadas pelo tempo e pela memória, simbolizadas pela madeira arranhada e pelas partes que compõem a obra. A artista se aprofunda na dualidade de sua pesquisa, expressando tanto o simbólico quanto o material, por meio de esculturas de cerâmica que se assemelham a fósseis de uma civilização imaginária e objetos de assemblagem que dialogam com uma infância marcada por afetos ambíguos. A memória infantil, retratada de forma pictórica, é apresentada como uma imagem translúcida, emoldurada por uma caixa-corpo. Essa estrutura atribui peso simbólico às relações familiares e à dinâmica opressiva do lar. Os dentes, dispostos como bibelôs ou souvenires, funcionam como marcadores temporais e rostificam o silenciamento que perpassa a composição familiar. Esses elementos aludem diretamente ao abuso infantil sofrido pela artista ao longo de nove anos de sua formação, trazendo à tona uma narrativa de dor, vulnerabilidade e resistência. A obra carrega em si um desconforto ao transitar entre o simbólico e o oculto, revelando uma passagem de sofrimento e delicadeza – a volúpia da pura forma. A figura de Baby é introduzida como um elo geracional, uma viagem no tempo que costura as experiências traumáticas e a repetição da máquina que permite a perpetuação do abuso infantil. Dentro dessa lógica, o objeto-corpo se torna uma cápsula que não apenas guarda memórias, mas denuncia os mecanismos de opressão e silenciamento que atravessam gerações, mas sem abandonar a delicadeza da atmosfera dos possíveis e das múltiplas vivências da infância.

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Laura Oliveira

Uma reflexão sobre os olhares que se perderam junto com a autenticidade, a essência que cansa de tentar existir meio às obrigações impostas por limitações culturais e socioeconômicas, resultando uma normalidade exacerbada e uma derrota em comparação a importância de cada ser. Olhares que ultrapassaram as gerações e que não se perderam até a atualidade. Esse é o retrato de minha avó, mulher preta, escravizada, estuprada por seu marido para gerar mais filhos para produção. Esta obra retrata o vazio que se manteve nas mulheres da minha família.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Luana Hymans

A obra debate sobre um olhar otimista sobre feridas e inseguranças de uma relação paternal fazendo alusão a como sentimentos mesmo genuínos podem surgir partir de motivos egoístas, como quando desejamos o melhor para um outro, mas porque precisamos de vitórias para sair da cama todos os dias. Nela analiso algumas das armaduras que usamos para enfrentar e até cicatrizar esses traumas herdados, seja ela a própria perspectiva otimista mostrada pelas cores vibrantes, sejam por historias que escolhemos esquecer ou recontar. Para fazer esse trabalhos, albuns fotográficos foram revisitados, e fotos antigas editadas, alteradas, e recoloridas para que se possa então sonhar e construir um futuro melho

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Luana Lua

Consiste em representar um momento em minha existência perdeu muito o sentido, as direções se contorceram, o encanto acabou, me senti cada vez mais fragmentada.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Rodrigo Jesus

Nesta obra retrata a minha mãe em seu desdobramento para lidar com a criação de seus filhos em um momento difícil pós falecimento de meu pai, A névoa da lembrança traz a incerteza desse grau de proximidade que me fez reflexo com um distanciamento natural sobre as coisas e pessoas que naturalmente deviam ser próximas

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Vinícius Alexandrino

“Esperando” retrata dois garotos esperando em um ponto de ônibus e ambos vestindo ternos muito largos para o seu tamanho, essas roupas comumente associadas ao ambiente de trabalho no contexto apresentado buscam refletir duas ideias ao mesmo tempo, de forma propositalmente ambígua: primeiramente refletir no desenho a condição da criança como um receptáculo de expectativas, onde as roupas largas materializam a ideia das expectativas impostas, as roupas que não lhes servem direito, mas ainda assim devem vestir, como uma cobrança, seja exterior ou da própria consciência. A partir desse conflito surge o trauma, as frustrações e as decepções, levando eventualmente ao outro fenômeno que a obra busca retratar, o surgimento de adultos infantilizados, entendendo não as roupas como sendo maiores do que deveriam, mas quem as veste como sendo "crianças demais”. As duas interpretações da obra são colocadas de forma sobreposta visando ilustrar a presença de um ciclo, onde um trauma leva ao outro, como um efeito dominó inacabável.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Vinicius Liessi

Caminhar sozinho por essa rua à noite traz uma sensação de vazio, como se eu estivesse em nenhum lugar, perdido entre o familiar e o desconhecido. A luz das lâmpadas é fraca e as sombras parecem me engolir. Não sinto que pertenço a esse lugar, nem a nenhum outro. Algo dentro de mim grita que há um lar que nunca encontrei, uma conexão que escapa. Esse sentimento de deslocamento, de estar em um espaço que não é totalmente estranho nem acolhedor, tem raízes profundas. Talvez seja reflexo de um trauma que atravessa gerações. O peso das experiências não vividas pelos meus antepassados, suas dores silenciosas e não curadas, parecem ser carregados em minhas costas, como se fosse minha responsabilidade curá-las. Eles, de algum modo, moldaram esse vazio que sinto, sem palavras, sem explicações claras. Neste desenho, onde ando sozinho pela rua deserta, vejo não só o reflexo do meu isolamento atual, mas também o eco de um ciclo familiar de dor não resolvida. É como se cada passo que dou fosse uma repetição, uma busca por algo que ainda não sei o que é. A noite não acaba, a rua não termina, e eu continuo andando, carregando sem saber os fantasmas de um passado que nunca tive a chance de entender.

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

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Yasmin Mainine

Título:           Reflexão Infinita
Técnica:        Pintura a òleo sobre Painel
Tamanho:     80cm x 60cm
Preço:              2025

 

A obra "Eco do Corpo" explora a temática de traumas geracionais e o corpo feminino de forma subjetiva. A figura retratada, em posição de recolhimento, simboliza um estado de vulnerabilidade, mas também de contenção de histórias e cicatrizes invisíveis transmitidas através de gerações, como um eco que reverbera em carne e espírito. O corpo feminino é apresentado como território simbólico, onde estigmas culturais e sociais são inscritos, muitas vezes sem consentimento. São padrões de comportamento, silenciamentos e imposições que carregam as vozes de gerações passadas, moldando não apenas a visão externa sobre o feminino, mas também a autopercepção de quem ocupa esse corpo. Na obra, a materialidade do corpo é fluida, escorrendo para além de si mesma, sugerindo que essas marcas ultrapassam o individual e se misturam ao coletivo. Os traumas geracionais emergem na obra como um ciclo que aparenta ser inescapável, mas o estado de repouso da figura aponta também para um momento de pausa, onde a dor pode ser reconhecida. A posição de deitar-se pode ser lida como um gesto de entrega ou de introspecção, o primeiro passo para quebrar esse eco e ressignificar as narrativas herdadas. "Eco do Corpo" convida o espectador a refletir sobre como os estigmas associados ao feminino são perpetuados, mas também sobre o potencial de transformação que existe no processo de enfrentamento e cura. Afinal, o eco só persiste até encontrar um corpo disposto a quebrar o silêncio.

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